por
Lu Mansur
O
problema de muitas:
Viver
gera experiências. Experiências geram marcas. Marcas ficam registradas, sejam
elas boas ou ruins. Os registros destas marcas ficam arquivados na memória
consciente e subconsciente, que, na tentativa de aliviar o sistema do
indivíduo, os transfere para diversas partes do corpo. O corpo, armazenou estas
informações em si, gerando couraças e respostas somáticas que se cristalizaram
com o tempo na mulher.
A
mulher. Ansiosa. Tensa. Inflexível. Rígida. Infeliz... Doente.
A
Dança Oriental como prática na terceira idade, que preferencialmente chamo de
melhor idade, proporciona inúmeros benefícios que a mulher pode contar. A
começar pelo conhecimento do próprio corpo, a consciência corporal, que
geralmente é desprezada nesta fase, é aqui, tratada com prioridade.
As
potencialidades sensoriais, sensitivas, perceptivas, cinestésicas, motoras,
criativas e comunicativas são ampliadas. O reconhecimento da identidade, a
sensação de acolhimento que a Dança do Ventre trabalha, diminui sintomas
psicossomáticos, o medo da morte e o medo da solidão. Proporciona motivação,
contato com experiências próprias desta fase da vida.
Por
trabalhar a relação íntima entre movimento e emoção, desperta uma linguagem
corporal espontânea. A prática da Dança do Ventre, também pode ter efeito
ansiolítico e antidepressivo para a mulher.
Todos
estes benefícios são possíveis, porque a Dança do Ventre aplicada para a melhor
idade trabalha com recursos variados, tais como a música, o silencio, as
vibrações produzidas pelo corpo, cores, palavras e imagens. Ela privilegia
movimentos livres, espontâneos, próprios de cada praticante.
O
processo-aula favorece a manifestação destes benefícios: o aquecimento pode ser
passivo ou ativo, com exercícios primários básicos, como o contato com o chão,
a exploração dos sentidos e do espaço, a percepção do movimento respiratório, a
noção de eixo corporal.
A
prática dos movimentos da dança pode acontecer em dupla, grupo ou
individualmente, envolvendo a movimentação de acordo com o ritmo da música, ou
ritmo interno da própria praticante. Ela tem a liberdade, de criar a partir
disso, um padrão próprio de movimento, respeitando sua essência.
Na
fase do relaxamento, a praticante tem a oportunidade de reconhecer seu controle
sobre o tônus muscular e perceber a diminuição de sua atividade cerebral. Nesta
etapa podem se manifestar danças espontâneas para depois, a aluna se deitar ou
sentar, ouvindo uma música ou ainda seguindo um relaxamento dirigido.
Há
também de se considerar as causas do porquê a fase do envelhecimento ser tão
dolorosa para muitas pessoas, tais como estilo de vida, atitudes mentais que
geram padrões de resposta afetiva, que por sua vez geram respostas somáticas,
revelando uma espécie de reação em cadeia, onde os sistemas do corpo estão
interligados.
A Dança
do Ventre pode se constituir numa alternativa para diminuir ou cessar esta
reação em cadeia, porque ela possibilita à mulher que a escolhe, uma decisão em
reabilitar-se holisticamente.
No
aspecto orgânico ela tem a oportunidade de melhorar o funcionamento e o
desempenho de seu sistema respiratório, cardiovascular, endócrino e neuromotor.
No aspecto psicológico ela começa a sentir-se útil para si, e, neste ponto, ela
se revaloriza, aumenta sua auto-estima, se dá crédito, confia em si mesma e em
suas capacidades, respeita seus limites, respeita-se como é, e reorganiza sua
auto-imagem corporal.
A
Dança do Ventre é principalmente vantajosa para a mulher da melhor idade. Pois
ela já viveu as alegrias e mágoas que a vida lhe permitiu sentir, ela carrega
consigo uma bagagem de conhecimentos que coloca a mulher jovem em desvantagem
na dança. A mulher na melhor idade, tem experiências que a mulher jovem não
possui, por isso mesmo, sua sensualidade, trabalhada e reconhecida na dança, é
mais envolvente, magnética e pura – ela vive a Anciã.
Artigo
retirado do livro "Metaforma e Movimento"
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