5 de junho de 2014

A prática da Dança do Ventre na 3ª Idade

por Lu Mansur

O problema de muitas:

Viver gera experiências. Experiências geram marcas. Marcas ficam registradas, sejam elas boas ou ruins. Os registros destas marcas ficam arquivados na memória consciente e subconsciente, que, na tentativa de aliviar o sistema do indivíduo, os transfere para diversas partes do corpo. O corpo, armazenou estas informações em si, gerando couraças e respostas somáticas que se cristalizaram com o tempo na mulher.


A mulher. Ansiosa. Tensa. Inflexível. Rígida. Infeliz... Doente.

A Dança Oriental como prática na terceira idade, que preferencialmente chamo de melhor idade, proporciona inúmeros benefícios que a mulher pode contar. A começar pelo conhecimento do próprio corpo, a consciência corporal, que geralmente é desprezada nesta fase, é aqui, tratada com prioridade.
As potencialidades sensoriais, sensitivas, perceptivas, cinestésicas, motoras, criativas e comunicativas são ampliadas. O reconhecimento da identidade, a sensação de acolhimento que a Dança do Ventre trabalha, diminui sintomas psicossomáticos, o medo da morte e o medo da solidão. Proporciona motivação, contato com experiências próprias desta fase da vida.
Por trabalhar a relação íntima entre movimento e emoção, desperta uma linguagem corporal espontânea. A prática da Dança do Ventre, também pode ter efeito ansiolítico e antidepressivo para a mulher.
Todos estes benefícios são possíveis, porque a Dança do Ventre aplicada para a melhor idade trabalha com recursos variados, tais como a música, o silencio, as vibrações produzidas pelo corpo, cores, palavras e imagens. Ela privilegia movimentos livres, espontâneos, próprios de cada praticante.
O processo-aula favorece a manifestação destes benefícios: o aquecimento pode ser passivo ou ativo, com exercícios primários básicos, como o contato com o chão, a exploração dos sentidos e do espaço, a percepção do movimento respiratório, a noção de eixo corporal.
A prática dos movimentos da dança pode acontecer em dupla, grupo ou individualmente, envolvendo a movimentação de acordo com o ritmo da música, ou ritmo interno da própria praticante. Ela tem a liberdade, de criar a partir disso, um padrão próprio de movimento, respeitando sua essência.
Na fase do relaxamento, a praticante tem a oportunidade de reconhecer seu controle sobre o tônus muscular e perceber a diminuição de sua atividade cerebral. Nesta etapa podem se manifestar danças espontâneas para depois, a aluna se deitar ou sentar, ouvindo uma música ou ainda seguindo um relaxamento dirigido.
Há também de se considerar as causas do porquê a fase do envelhecimento ser tão dolorosa para muitas pessoas, tais como estilo de vida, atitudes mentais que geram padrões de resposta afetiva, que por sua vez geram respostas somáticas, revelando uma espécie de reação em cadeia, onde os sistemas do corpo estão interligados.
A Dança do Ventre pode se constituir numa alternativa para diminuir ou cessar esta reação em cadeia, porque ela possibilita à mulher que a escolhe, uma decisão em reabilitar-se holisticamente.
No aspecto orgânico ela tem a oportunidade de melhorar o funcionamento e o desempenho de seu sistema respiratório, cardiovascular, endócrino e neuromotor. No aspecto psicológico ela começa a sentir-se útil para si, e, neste ponto, ela se revaloriza, aumenta sua auto-estima, se dá crédito, confia em si mesma e em suas capacidades, respeita seus limites, respeita-se como é, e reorganiza sua auto-imagem corporal.
A Dança do Ventre é principalmente vantajosa para a mulher da melhor idade. Pois ela já viveu as alegrias e mágoas que a vida lhe permitiu sentir, ela carrega consigo uma bagagem de conhecimentos que coloca a mulher jovem em desvantagem na dança. A mulher na melhor idade, tem experiências que a mulher jovem não possui, por isso mesmo, sua sensualidade, trabalhada e reconhecida na dança, é mais envolvente, magnética e pura – ela vive a Anciã.


Artigo retirado do livro "Metaforma e Movimento"


Nenhum comentário:

Postar um comentário